quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Tecido do Outono...


"(...) nas relações com os homens, nunca me dei inteiramente. Tenho a impressão que não estava a amar: estava a jogar o jogo do corpo e, por melhor que corressem as coisas estava sempre com um adversário naquela partida."

Alçada Baptista, p. 53

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O afecto desperta o que queremos enganar...


“No mundo das neuroses a realidade psíquica é que é decisiva, por vezes estas realidades são materializadas obviamente, daí derivam. De onde surgem, então, as necessidades de fantasia e o material para elas? Surgem, claramente das pulsões que remetem automaticamente para o princípio do prazer. O ego humano é ensinado pela pressão destas necessidades (pulsões) a apreciar a realidade e a obedecer a este principio, no decurso deste processo é obrigado a renegar temporariamente – repito, temporariamente, porque a dado momento algo que se liga a determinado afecto desperta-o – a grande variedade de objectos e alvos para que está dirigida a sua luta pelo prazer e, não apenas pelo prazer sexual – o prazer remete sempre para algo satisfatório para o individuo, cujo tema tem sempre um pendor de orientação subjectiva, no entanto, esta procura contínua de estados agradáveis descompensa o sistema psíquico porque as reservas para a gestão da angústia está desamparados por contínuos acessos de prazer momentâneos – «mas ao homem sempre custou renunciar ao prazer; não são capazes de fazê-lo sem uma qualquer compensação.»”

Freud (2001c, p. 142)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sintoma... Freud


“Os sintomas – e claro que estamos aqui a tratar de sintomas psíquicos e de doenças psíquicas – são actos prejudiciais, ou pelo menos inúteis, para a vida do sujeito como um todo, de que ele muitas vezes se queixa e que lhe provocam desprazer e sofrimento. O maior prejuízo que causam reside no dispêndio mental que eles próprios envolvem e ainda no dispêndio que se torna necessário para lutar contra eles.”

Freud (2001c, p. 127)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Tecido do Outono


Olá a todos, mais um livro que entra, definitivamente, nas minhas escolhas. É um manual de vida, uma grande narrativa que todos devem ter a coragem de ler e reflectir - depois de lerem comentem-mo! Quanto ao porquê da coragem, só depois compreenderão.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Roland Barthes


"No luto real, é a «prova da realidade» que me mostra que o objecto amado deixou de existir. No luto de amor, o objecto não está nem morto, nem afastado. Sou eu que decido que a sua imagem deve morrer (e poderei mesmo ocultar-lhe essa morte). Enquanto esse estranho luto durar, terei de suportar duas dores contrárias: sofrer a presença do outro (continuando, apesar disso, a ferir-me) e entristecer-me com a sua morte (pelo menos do que eu amava). Assim, angustio-me (velho hábito) com um telefonema que não vem, mas digo-me ao mesmo tempo que este silêncio é, de qualquer modo, inconsequente, uma vez que decidi fazer luto de uma tal inquietação: ter de me telefonar apenas dizia respeito à imagem de amor; desaparecida essa imagem, o telefone, toque ou não, retoma a sua existência fútil… o exílio do imaginário é a via necessária para a cura.”

Roland Barthes, p. 147

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Edgar Morin


"As multidões e os ajuntamentos podem excitar a loucura colectiva, que desemboca no pânico ou nos linchamentos. A turbulência da festa, a exaltação da orgia podem redundar em violências destruidoras. Podemos perguntar-nos se, à semelhança da ambição individual desmesurada, a ambição da civilização (…) os germes de todas estas loucuras estão anichados em cada indivíduo, em cada sociedade; o que nos diferencia uns dos outros é o maior ou menor domínio, sublimação, dissimulação, transformação da nossa própria loucura.

Aliás, a racionalidade transforma-se no seu contrário quando degenera em racionalização. A abstracção, a perda do contexto, a transformação de uma teoria em doutrina blindada, a transformação da ideia em palavra mestra, tudo isso conduz à racionalização ideológica delirante. O desconhecimento dos limites da lógica e da própria razão conduz a formas frias de loucura: a loucura da sobrecoerência.

Porquê tanta loucura, porquê tanto delírio?
Em primeiro lugar, porque a ruptura das regulações no mundo psíquico (quer dizer, das proibições sociais e das inibições internas) provoca, tal como no mundo físico, alguns feedback positivos, ou seja, amplificações e acelerações de desvios, que se manifestam psiquicamente nos estados quase demenciais de furor, alucinação, raiva. Em seguida porque não existe qualquer dispositivo cerebral intrínseco que distinga a alucinação da percepção, o sonho da vigília, o imaginário do real, o subjectivo do objectivo…!

Edgar Morin, p. 115

SEAL - SILENCE

SEAL - SECRET

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

“Um amor nascente inunda o mundo de poesia, um amor que dura irriga de poesia a vida quotidiana, o termo de um amor atira-nos para a prosa. O amor, unidade incandescente da sabedoria e da loucura, faz-nos suportar o destino, faz-nos amar a vida. O amor é a grande poesia no seio do mundo prosaico (em contraste com a vida poética) moderno, e alimenta-se de uma imensa poesia imaginária (…) o estado poético… purifica a ansiedade, a preocupação, a mediocridade, a banalidade. Transfigura o real. Estado transfigurante e transfigurador da existência, é verdade que é precário, aleatório, mas é o estado de graça.”
                                                                           Morin, 2002, p. 54.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Edgar Allan Poe


"Não preciso de lembrar aos leitores que, no extenso e sinistro catálogo das misérias humanas, teria podido escolher montes de casos individuais mais carregados de sofrimentos essenciais do que qualquer destes imensos desastres colectivos. O verdadeiro sofrimento, com efeito – a desgraça suprema – é particular e não geral."

Edgar Allan Poe (2003, p. 95)