quinta-feira, 27 de março de 2014

Paradoxo


(...) Quem salva está pronto a perder-se; quem resgata os outros é mister que pague com toda a sua pessoa, ou seja com o único valor que é verdadeiramente seu, o que ultrapassa e compreende todos os outros valores; quem ama os inimigos é justo que seja odiado pelos próprios amigos; (...) Cada benefício é uma tal ofensa feita à ingratidão dos homens que só pode ser punido com a pena máxima. (...) Na efémera memória do género humano só ficam as verdades escritas com sangue.
                                                                                
                                                                        Giovanni Papini, p. 237/238

terça-feira, 18 de março de 2014

Profeta


…O soldado que combate pela Terra terrestre precisa de ser feroz. Mas o que combate, dentro de si mesmo, para a conquista da nova Terra e do novo Céu, não deve abandonar-se à cólera, conselheira do mal, nem à crueldade, negação do amor.
Os mansos são os que suportam a vizinhança dos maus e a de si mesmos, às vezes mais ingrata ainda; que não se revoltam contra os maus e os vencem pela mansidão; que não se enraivecem às primeiras contrariedades e vencem o adversário interno com essa plácida obstinação que revela mais força de ânimo do que os furores estéreis e súbitos. São semelhantes à água que é suave ao tacto e cede lugar a tudo, mas que lentamente sobe, silenciosamente invade e tranquilamente consome, com milenária paciência, os mais duros rochedos.
                                                                                              Giovanni Papini p. 88

quarta-feira, 5 de março de 2014

A Solidão


A solidão é sofrimento; mas se não te isolares
Poderás estar em toda a parte num deserto.
                                   
                          Angelus Silesius, p. 55

terça-feira, 4 de março de 2014

Intolerância...


Os pais dos sujeitos "limites" encorajaram as fixações a uma relação estreitamente anaclítica: O plano aparente é securizante: «Se tu te mantens na minha órbita, não te acontecerá nada de mal»; mas o plano latente continua a ser bastante inquietante: «Não me deixes, senão vais correr grandes perigos.» Estes pais mostram-se em geral insaciáveis no plano narcísico: «Faz ainda mais, e amanhã receberás a tua recompensa pois eu só poderei amar-te mais.» Infelizmente «os amanhãs» maravilhosos nunca chegam...

                                                                                           Bergeret, J. p. 144