terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Linguagem...


“Tudo o que posso fazer com a minha linguagem, mas não com o meu corpo. O que a minha linguagem esconde, di-lo o meu corpo. Posso à minha vontade modelar a mensagem, mas não a minha voz. Na minha voz, diga o que disser, reconhecerá o outro que «tenho qualquer coisa». Sou mentiroso (por preterição), não comediante. O meu corpo é uma criança teimosa, a minha linguagem é um adulto muito civilizado…de modo que uma longa série de contenções verbais (as minhas delicadezas) poderão de repente explodir em qualquer revulsão generalizada: uma crise de choro (por exemplo)”.
Barthes (2006, p. 124).

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O sofrimento é subjectivo, logo respeitável...


“É por isso que o homem de coração nobre impõe a si mesmo o dever de nunca humilhar ninguém; impõem-se uma justa vergonha em presença de tudo o que sofre.”
                                        Nietzsche em “Assim falava Zaratustra”, p. 108.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Melancolia


“I gladly admit that being melancholy is in a sense not a bad sign, for as a rule only the most gifted natures are afflicted by it. (...) People whose souls have no acquaintance with melancholy are those whose souls have no presentiment of metamorphosis. These I do not concern myself with here, for I am writing only of and to you, and to you I think this explanation will be satisfactory, for you scarcely assume, as many physicians do, that melancholy is a bodily ailment, though for all that, remarkably enough, physicians cannot cure it; only the spirit can cure it, for it lies in the spirit, and when the spirit finds itself all small sorrows vanish, those reasons which in the view of some produce melancholy – that one cannot find oneself in the world, that one comes to the world both too late and too early, that one cannot find one’s place in life; but for the person who owns himself eternally, it is neither too early nor too late that he comes to the world, and the person who possesses himself in his eternal validity will surely find his significance in this life”.

Kierkegaard (1992, p. 498)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os olhos límpidos...


"Somos levados a ver com os olhos límpidos uma paisagem quando temos reservas de limpidez. A frescura de uma paisagem é uma maneira de olhá-la. É preciso, não há dúvida, que a paisagem ponha aí algo de si, que tenha um pouco de verdura e um pouco de água; mas é à imaginação material que cabe a mais longa tarefa. Essa acção directa da imaginação se evidencia no caso da imaginação literária: o frescor de um estilo é a mais difícil das qualidades; depende do escritor e, não do assunto."

M. Merleau-Ponty, p. 152

Nota: Exercitem o eu, experienciem com limpidez e espontaneidade, interiormente, sejam bons por natureza, ela logo se altera e com ela os outros!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Água e os Sonhos - Imaginação e Matéria


"(...) a terra natal é menos uma extensão que uma matéria; é um granito ou uma terra, um vento ou uma seca, uma água ou uma luz. É nela que materializamos os nossos devaneios; é por ela que nosso sonho adquire sua exacta substância; é a ela que pedimos a nossa cor fundamental. Sonhando perto do rio, consagrei a minha imaginação à água, à água verde e clara, à água que enverdece os prados. Não posso sentar perto de um riacho sem cair num devaneio profundo, sem rever a minha ventura... Não é preciso que seja o riacho da nossa casa, a água da nossa casa. A água anónima sabe todos os segredos. A mesma lembrança sai de todas as fontes.

Bachelard, G. p. 9

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Alucinação!


"A ausência do objecto não provoca a alucinação, mas facilita a emergência de uma potencialidade humana: a capacidade de experimentar prazer na base de uma recordação e não apenas com um objecto real."

Edmond Gilliéron, p. 64

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Eu já há muito aderi...


“Os acontecimentos mais ricos ocorrem em nós muito antes que a alma se aperceba deles. E, quando começamos a abrir os olhos para o visível, há muito que já estávamos aderentes ao invisível.”
D’Annunzio (citado em Bachelard, 2002, p. 18).