quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mulher...


"(...) a mulher é o ser que projecta a maior sombra e a maior luz nos nossos sonhos. A mulher é fatalmente sugestiva; vive de uma outra vida além da sua própria: vive espiritualmente nas imaginações que frequenta e fecunda."

Baudelaire, C. p. 9

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Diálogo...


"«Desde sempre», diz o autor, «fora glória minha conversar familiarmente, <more socratico>, com todos os seres humanos, homens, mulheres e crianças, que o acaso podia pôr no meu caminho; hábito favorável ao conhecimento da natureza humana, aos bons sentimentos e à franqueza de maneiras que convêm a um homem que quer merecer o título de filósofo. Porque o filósofo não deve ver com os olhos dessa pobre criatura limitada que a si mesma se intitula <homem de sociedade>, cheia de preconceitos tacanhos e egoístas, mas deve, pelo contrário, olhar-se como um ser verdadeiramente católico, em comunhão e relações iguais com tudo o que está em cima e tudo o que está em baixo, com as pessoas instruídas e as pessoas não educadas, com os culpados como com os inocentes.»"

Charles Baudelaire, p. 71

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Liberdade


"Não precisamos temer que as nossas escolhas ou as nossas acções restrinjam a nossa liberdade, já que apenas a escolha e a acção nos libertam das nossas âncoras."

Maurice Merleau-Ponty, p. 612

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Excertos... Educação...


Maurice Merleau-Ponty
1908-1961

"A situação da criança não é mais feliz assim (liberal) do que num sistema de educação autoritário: nas suas relações com o adulto a criança não chegou ao pé da igualdade que poderia dar-lhe equílibrio.
Sempre nos devemos interrogar sobre as razões que nos fazem adoptar uma atitude com as crianças (ainda que ela seja benevolente: pode ser demagogia). Nossa atitude não deve ser resultado de nosso próprios traumas; a criança não deve sofrer o contragolpe dos abalos que tivemos na vida; ela não está lá para servir de consolo aos nossos males pessoais, mas para viver a sua própria vida.
Seria bom que certos educadores não amassem a pedagogia com a paixão sofredora que às vezes encontramos (a criança é por isso mesmo colocada numa situação anormal). O educador deveria sê-lo por amor à vida, e não por ressentimento contra ela.
Problema da mesma espécie existe em toda a psicologia. Há sempre a superestimação ou subestimação do objecto: viver uma relação de igualdade com outrem é o que há de mais raro na nossa experiência. O outro parece-nos mais forte ou mais fraco."

M. Merleau-Ponty, p. 465

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Desafio a comentarem... e agradeço... Dedico aos Homens da Ciência!


"Não se pode ser invejoso ou agressivo para com outrem do mesmo modo que não se pode amá-lo ou depender dele, se formarmos uma só pessoa com ele."

Rosenfeld, H. p. 53

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mensagem...


Não fiquem por estes excertos de leitura, projectem a vossa curiosidade e leiam as obras, a vossa vida ganha outro elan. Todos os autores que cito, insisto, são de quando em vez acrescentados, portanto, não desistam de clicar nos mesmos autores. Tenham paciência. Obrigado.

Angelo

LEV TOLSTÓI - Ressureição



Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói ou Leão Tolstoi ou Leo Tolstoy, Lev Nikoláievich Tolstói (Yasnaya Polyana, 9 de Setembro de 1828 — Astapovo, 20 de Novembro de 1910). Atentem na simplicidade intensa das suas palavras. As nuances utilizadas para passar uma mensagem, o trabalho despendido para a nossa compreensão.

"Um dos mais vulgares e divulgados preconceitos consiste em afirmar que cada pessoa tem apenas as suas características determinadas, que existem pessoas boas ou más, inteligentes ou estúpidas, enérgicas ou apáticas, etc. Mas as pessoas não são assim. Podemos dizer de um indivíduo que é mais vezes bom do que mau, mais vezes inteligente do que estúpido, mais vezes enérgico do que apático - e vice-versa; mas será mentira se dissermos que uma pessoa é boa e inteligente, e que outra é má e estúpida. No entanto, classificamos sempre as pessoas desta maneira. O que é incorrecto. As pessoas são como os rios: a água deles é igual, a mesma por todo o lado, mas cada rio ora é estreito, ora é largo, ora é rápido, ora calmo, ora límpido, ora turvo, ora frio, ora quente. As pessoas também. Cada qual transporta em si o germe de todas as características humanas e manifesta ora umas, ora outras, e às vezes nem parece ele próprio, mas continuando, no entanto, a sê-lo. Nalguns estas mudanças são particularmente acentuadas. (...) as mudanças tanto tinham causas físicas como espirituais."

p. 229
"O problema é que as pessoas pensam que há situações em que se pode tratar o próximo sem amor, mas tais situações não existem. Os objectos podem ser tratados sem amor: pode-se cortar as árvores, fazer tijolos, forjar ferro sem amor; mas não se pode tratar as pessoas sem amor, da mesma forma que não se pode tratar das abelhas sem cuidado. É esta a particularidade das abelhas. Se comerçarmos a tratá-las sem cuidado, prejudicá-las-emos e a nós próprios também. O mesmo se passa relativamente às pessoas. E não poderia ser de outro modo, porque o amor recíproco entre as pessoas é a lei fundamental da vida humana. Embora seja verdade que o homem não pode obrigar-se a amar alguém, ao contrário do que acontece com o trabalho em que o homem pode obrigar-se a trabalhar, tal não significa que seja lícito tratar as pessoas sem amor, sobretudo se exigirmos qualquer coisa delas. Se não sentires amor pelas pessoas, fica quieto (...) trata de ti, dos teus haveres, do que quiseres, mas não de outras pessoas. Do mesmo modo que apenas podemos comer sem prejuízo para a saúde, com proveito, se tivermos apetite, as pessoas podem ser tratadas com benefício e sem prejuízo apenas quando lhes temos amor. Basta permitires-te tratar as pessoas sem amor, ... e deixará de haver limites para a crueldade e para a ferocidade em relação aos outros ... e será infinito o teu sofrimento, como aprendeste no decurso de toda a tua vida."

 p. 409