terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mãe


"Diz-se que o luto, com o seu trabalho progressivo, apaga lentamente a dor. Eu não podia nem posso acreditar nisso, porque, para mim, o Tempo elimina a emoção da perda (não choro), é tudo. Quanto ao resto, tudo ficou imóvel. Porque aquilo que eu perdi não é uma Figura (a Mãe), mas um ser; e não um ser, mas uma qualidade (uma alma): não o indispensável, mas o insubstituível. Eu podia viver sem Mãe (todos nós podemos mais cedo ou mais tarde); mas a vida que me restava seria certamente e até ao fim inqualificável (sem qualidade)."

Roland Barthes, p. 86

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