domingo, 12 de setembro de 2010

Gaston Bachelard - A terra e os Devaneios do Repouso (vou postando...)



Gaston Bachelard nasceu a 27 de Junho de 1884, em Bar-sur-Aube, França e faleceu a 16 de outubro de 1962, em Paris, França. A sua escrita remete-nos para toda a interioridade do ser, das profundezas do sonho, às profundezas orgânicas, fundindo-as. A sua leitura intensifica a natureza humana em toda a sua plenitude. A leitura de Bachelard só é entendida com base na pureza individual, desprendam-se por momentos do vosso amor-próprio e bebam-no, ele é um mensageiro.

"Considerado em seus aspectos humanos, o repouso é dominado necessariamente por um psiquismo «involutivo»."

p. 4

"Mas o que a educação não sabe fazer, a imaginação realiza seja como for."

p. 8

"Como pode esse cepticismo dos olhos ter tantos profetas quando o mundo é tão belo, tão profundamente belo, tão belo em suas profundezas e matérias?"

p. 9

"Ao instruir-se sobre um tipo de experiência, o filósofo torna-se inerte para outros tipos de experiência. Às vezes espíritos muito lúcidos encerram-se assim em sua lucidez e negam os múltiplos vislumbres formados em zonas psíquicas mais tenebrosas. Com relação ao problema que nos ocupa, percebe-se bem que uma teoria do conhecimento do real que se desinteressa dos valores oníricos se priva de alguns dos interesses que impelem ao conhecimento."

p. 10

"Decerto a felicidade é expansiva, tem necessidade de expansão. Mas também tem necessidade de concentração, de intimidade. Assim, quando a perdemos, quando a vida proporcionou «maus sonhos», sentimos saudade da intimidade de felicidade perdida."

p. 13

"A minha intenção ao enviar «A vida de Flexlein» à biblioteca de Lübeck é justamente a de revelar ao mundo inteiro...que se deve dar maior valor às pequenas alegrias dos sentidos do que às grandes."

p. 16

"Escutai ainda. O mesmo se dá com o amor. Este pálido amor que conhecemos é também o avesso, o sepulcro embranquecido do amor verdadeiro. O verdadeiro amor é selvagem e triste; é uma palpitação a dois nas trevas..."

D.H. Lawrence in Bachelard, p. 22

"Imita-se com mais ardor uma realidade que antes foi sonhada."

p. 23

"Um valor, no primeiro encontro, não se avalia: admira-se."

p. 36

"Ao sonhar a profundidade, sonhamos a nossa profundidade. Ao sonhar com a virtude secreta das substâncias, sonhamos com o nosso ser secreto. Mas os maiores segredos de nosso ser estão escondidos de nós mesmos, estão no segredo das nossas profundezas."

p. 39

"Ao escrever nos expomos directamente ao excesso."

Henri Michaux in Bachelard, p 62

"A maior luta não é travada contra as forças reais, é travada contra as forças imaginadas. O homem é um drama de símbolos."

p. 69

"(...) depois eu deixava tudo ali, em pousio talvez, visto que um homem é rico em proporção do número de coisas que é capaz de deixar tranquilas."

p. 79

"Para aqueles que não têm casa, a noite é um verdadeiro animal selvagem, não apenas um animal que urra no furacão, mas um animal imenso, que está em toda a parte, como uma ameaça universal."

p. 89


"Tudo se animaliza quando a descida se acentua."


p. 97

"Em suma, os realistas relacionam tudo com a experiência dos dias, esquecendo a experiência das noites."


p. 101

"Os livros não são feitos apenas com o que se sabe e o que se vê. Necessitam de raízes mais profundas."


p. 106


"É preciso que a boa refeição reúna os valores conscientes e os valores inconscientes. Ao lado de substanciais sacrificios à vontade de morder, ela deve comportar um homenagem aos tempos felizes em que engolíamos tudo, de olhos fechados."


p. 121


"Era para se aconhegar
Que ele queria morrer."

Rigueurs, in Bachelard, p. 125

Sem comentários:

Enviar um comentário