terça-feira, 5 de outubro de 2010

LEV TOLSTÓI - Ressureição



Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói ou Leão Tolstoi ou Leo Tolstoy, Lev Nikoláievich Tolstói (Yasnaya Polyana, 9 de Setembro de 1828 — Astapovo, 20 de Novembro de 1910). Atentem na simplicidade intensa das suas palavras. As nuances utilizadas para passar uma mensagem, o trabalho despendido para a nossa compreensão.

"Um dos mais vulgares e divulgados preconceitos consiste em afirmar que cada pessoa tem apenas as suas características determinadas, que existem pessoas boas ou más, inteligentes ou estúpidas, enérgicas ou apáticas, etc. Mas as pessoas não são assim. Podemos dizer de um indivíduo que é mais vezes bom do que mau, mais vezes inteligente do que estúpido, mais vezes enérgico do que apático - e vice-versa; mas será mentira se dissermos que uma pessoa é boa e inteligente, e que outra é má e estúpida. No entanto, classificamos sempre as pessoas desta maneira. O que é incorrecto. As pessoas são como os rios: a água deles é igual, a mesma por todo o lado, mas cada rio ora é estreito, ora é largo, ora é rápido, ora calmo, ora límpido, ora turvo, ora frio, ora quente. As pessoas também. Cada qual transporta em si o germe de todas as características humanas e manifesta ora umas, ora outras, e às vezes nem parece ele próprio, mas continuando, no entanto, a sê-lo. Nalguns estas mudanças são particularmente acentuadas. (...) as mudanças tanto tinham causas físicas como espirituais."

p. 229
"O problema é que as pessoas pensam que há situações em que se pode tratar o próximo sem amor, mas tais situações não existem. Os objectos podem ser tratados sem amor: pode-se cortar as árvores, fazer tijolos, forjar ferro sem amor; mas não se pode tratar as pessoas sem amor, da mesma forma que não se pode tratar das abelhas sem cuidado. É esta a particularidade das abelhas. Se comerçarmos a tratá-las sem cuidado, prejudicá-las-emos e a nós próprios também. O mesmo se passa relativamente às pessoas. E não poderia ser de outro modo, porque o amor recíproco entre as pessoas é a lei fundamental da vida humana. Embora seja verdade que o homem não pode obrigar-se a amar alguém, ao contrário do que acontece com o trabalho em que o homem pode obrigar-se a trabalhar, tal não significa que seja lícito tratar as pessoas sem amor, sobretudo se exigirmos qualquer coisa delas. Se não sentires amor pelas pessoas, fica quieto (...) trata de ti, dos teus haveres, do que quiseres, mas não de outras pessoas. Do mesmo modo que apenas podemos comer sem prejuízo para a saúde, com proveito, se tivermos apetite, as pessoas podem ser tratadas com benefício e sem prejuízo apenas quando lhes temos amor. Basta permitires-te tratar as pessoas sem amor, ... e deixará de haver limites para a crueldade e para a ferocidade em relação aos outros ... e será infinito o teu sofrimento, como aprendeste no decurso de toda a tua vida."

 p. 409



1 comentário:

  1. Olá!
    Adoro este autor! Descreve tudo o que penso sobre as relaçoes e, de uma forma, o modo como vejo o que me rodeia! Infelizmente nem toda a gente analisa desta forma!

    Obrigada por esses excertos!

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